domingo, 9 de março de 2014

Capítulo 14 - Roubo

   Todos que estavam por perto recuaram, cobrindo seus olhos da poeira. Os Pokémons em batalha foram jogados para longe, mas por sorte não sofreram muitos danos. Nate conseguiu segurar seu boné no ar.
   Quando a cortina baixou, puderam ver quem tinha causado toda aquela bagunça. Havia um Scyter ali, e montado nele, um rapaz de cabelos roxos com um sorriso infantil estampado no rosto. Olhando para seu rosto, dava a impressão de que era uma criança. Porém, lembrando de sua forte coleção de Pokémons do tipo inseto, sua experiência e sua inteligência, dava pra entender como ele podia ser um líder de ginásio.
   – Desculpe, pessoal! Nós temos que treinar essa parte do pouso...
   O rapaz riu, sem graça. Os outros ainda tentavam se recuperar do susto.
   – B-Bugsy...?
   – Nate! Como vai você, caro gafanhoto? Ainda com essa insectofobia boba?
   Falando desse jeito, ele não parecia tão infantil assim.
   – Que nada! Já superei isso.
   – Jura?! Como?
   – Bem, não faz muito tempo...
   – Fala sério! – Gritou Kyle. – Estamos no meio de uma batalha!
   Bugsy olhou em volta. Viu um Quilava se aproximando de Nate e uma Vulpix se sentando ao lado de Kyle. Ambos os Pokémons tinham ferimentos de batalha e estavam sujos de poeira.
   – Ah...! Sinto muito. Vou deixar vocês batalharem em paz.
  Kyle cruzou os braços, impaciente. Nate olhou para Leon, que apenas subiu em seu ombro e grunhiu, não se incomodando com a interrupção da batalha.
   – Acho que o Leon está meio cansado... Podemos continuar outro dia? – Pediu Nate.
    – O quê?! Mas que... – Antes que Kyle pudesse terminar de falar, sua Vulpix se esfregou nele e grunhiu, como se pedisse por um descanso. Frustrado, o rapaz a retornou para a Pokébola. – Que seja! Mas isso não vai ficar assim! Me aguarde no ginásio, Bugsy, porque logo, logo eu vou queimar seus insetos!
   Então ele se virou e puxou Sarah pelo braço. A garota acenou para os outros e se soltou, ainda seguindo Kyle.
   – Que estresse – disse o líder.
   Nate riu. Não estava muito surpreso com a reação de Kyle, sua maior surpresa fora Leon. Não só pela sua evolução de seu inicial, como também pela decisão de encerrar a batalha. Leon era o Pokémon mais animado para batalhas em seu time. Talvez ele tivesse aceitado o empate para restaurar as energias para a batalha de ginásio, o que mostraria seu crescimento.
   – Então, é a nossa vez! – Empolgou-se Cris. – Tony, Oliver,vamos?
   Algo apitou. Anthony tirou o celular do bolso, checando de quem era a chamada.
   – Um minuto, sim?
   O rapaz se afastou para atender. Pouco depois, voltou para perto do grupo.
   – Desculpe, pessoal. Emergência no quartel, estão me chamando de volta para Blackthorn. Algum de vocês ainda pode batalhar contra Oliver.
   – Não, valeu – recusou o loiro. – Eu tava animado pra fazer uma dupla com você, mano.
   Tony riu de leve.
   – Outro dia, carinha.
   Depois de se despedir de todos, o rapaz se virou e caminhou em direção à saída, onde havia deixado seu jipe. Sua ausência era um alívio para Bugsy. Se ele estava se afastando do grupo, então provavelmente não era um dos Escolhidos. Assim, só restavam Nate, o ruivo, a azulada, a garota de chapelão de branco, o loiro, e aqueles dois que tinham acabado de se afastar também. Eles não pareciam ser muito próximos dos outros, o que diminuía as chances de serem Escolhidos.
   – Nate, Lyra!
   Os jovens olharam para trás. Um rapaz de cabelos brancos e com cachecol vermelho, acompanhado de um Aipom, corria na direção do grupo.
   – Wess! – Lyra acenou. – Até que enfim você chegou!
   – Você ficou bem atrasado, hein? A última vez que a gente se viu foi... Perto de New Bark – lembrou Nate. – Pensei que você ia nos alcançar logo.
   – É que eu e o Aipom fizemos várias paradas para treinar e capturar novos Pokémons – respondeu o albino. – Além disso, tivemos que esperar até providenciarem uma lancha para nos levarem para o outro lado da Union Cave... Quando foi que ela desabou?
   – Como assim?! – Gritou Cris. – Você não viu nos noticiários? Tem toda uma história por trás desse desabamento! O mundo conhece essa história, menos você, seu lesado!
   – Nossa, Cris! Senti saudades também – debochou Wess. – Meses sem nos ver e você vem cheia de grosseria...
   A azulada riu.
   – Sabe que eu te adoro, né?
   Wess também riu.
   – Eu sei, palhaça. Mas sério, o que aconteceu?
   – Vamos lá pro Centro Pokémon que eu te conto a história – disse Nate, antes de se virar para o líder. – Até mais, Bugsy!
   Bugsy acenou, e esperou os jovens se afastarem para soltar um suspiro. Mais um candidato...
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   – Então vocês salvaram ele – Wess apontou para Oliver – e conseguiram sair da caverna ilesos antes dela desmoronar?
   – A maior aventura de todas – enfatizou Nate. – Não acredito que você ainda não tinha ouvido falar!
   – Acho que passei tanto tempo treinando que me desliguei do mundo. Diga, Nate, como está a sua equipe?
   – Eu tenho só três, mas eles são os melhores – respondeu Nate, cheio de orgulho. – Leon acabou de evoluir para Quilava, e também tenho um Geodude chamado Gravel e um Hoothoot chamado Ícaro!
   Só então Wess percebeu o Quilava descansando no ombro de seu dono. Cris tinha razão: ele era bem lesado.
   – Legal... Além do Aipom, eu tenho um Weedle, um Rattata e um Ekans. E também consegui uma coisa muito legal.
   O garoto tirou do bolso um medalhão dourado com algumas faíscas penduradas ao seu redor, pendurado em um colar. Lyra logo o pegou para analisá-lo, admirada com a beleza do objeto.
   – Que lindo! Onde você conseguiu isso?
   – Então... Eu não sei. – Wess riu, sem graça. – Um dia eu acordei e isso estava em cima de mim. Eu não achei o dono, então guardei.
   – Cuidado pra não ser acusado de roubo. – Lyra devolveu o medalhão. – Não fique mostrando isso por aí.
   – Você está preocupada comigo, Lyra?
   Lyra sorriu.
   – É claro, bobo. Você é meu amigo, esqueceu?
   – É... Amigo. Claro.
   Nate se sentiu estranho com aquele curto diálogo. Não sabia direito o que era, mas não era muito legal...
   – Rapaz, posso ver esse medalhão?
   Quem disse isso foi um homem de sobretudo e chapéu marrons, que deixavam seu rosto escondido. Ele era acompanhado de um Smeargle.
   – Pra quê? – Indagou Wess, desconfiado.
   – Eu posso fazer um grande negócio com isso. Quando quer por ele?
   Wess franziu o cenho.
   – Desculpe, não está a venda.
   – Entendo... Então pode ao menos deixar meu Pokémon fazer um desenho dele? É bem rápido.
   O garoto de cachecol ainda não sabia se podia confiar naquele cara. Era suspeito demais... Mas, ainda assim, deixou o Smeargle analisar o medalhão para desenhar depois.
   O Pokémon segurou o objeto delicadamente, apalpando cada detalhe dele, parecendo estar interessado apenas em desenhá-lo mesmo. Porém, de repente ele saiu correndo com o medalhão, seguindo seu dono.
   Os jovens se levantaram de imediato para persegui-los, com Leon e Aipom indo na frente. Duke gritou para as pessoas pararem eles, mas eram rápidos demais.
   Em algum momento, o Smeargle caiu, grunhindo como se pedisse para seu dono voltar para ajudá-lo. Porém, o homem voltou apenas para pegar o medalhão de sua mão, deixando seu Pokémon para trás. Os outros continuaram a persegui-lo, mas o ladrão estava prestes a escapar.
   Então, Starx saiu de sua Pokébola voluntariamente, seguida de Ícaro. A Ledyba agitou suas asinhas para um voo raso. Ícaro se aproximou dela e grunhiu, a encorajando cada vez mais, enquanto também voava até o ladrão.
   – Você consegue, Starx! – Gritou Lyra. – Você pode voar! Eu sei que pode!
   Esse empurrãozinho era tudo o que ela precisava.
   A Ledyba fez um pouco mais de força e conseguiu voar numa altitude cada vez mais alta, e um pouco mais rápido. Sua treinadora mal acreditava que ela finalmente estava voando, ainda que não muito bem.




  Mesmo assim, o herói do dia foi Ícaro. Ele alcançou o ladrão e rapidamente segurou o medalhão com suas garras, pelo cordão. O Quilava e o Aipom ainda tentaram pular nele para segurá-lo, sem sucesso; o homem saiu correndo ainda mais rápido.
   – Um Rocket – disse Duke. – Esse medalhão deve ter algum valor para eles tentarem roubar de você, Wess... Tome cuidado. Não tire isso do bolso.
   – Tá, pode deixar – disse o albino.
   – Quanto àquele Smeargle – continuou o ruivo –, vamos levá-lo conosco e ficar de olho nele. Alguém se apta a capturá-lo?
   – Deixa comigo – aprontou-se Nate. – Mas eu não aceito tratá-lo como um bandido. Ele foi traído por seu próprio treinador... Não acredito que ainda vá ajudá-lo em alguma coisa.
   Duke deu de ombros.
   – Tudo bem. É só por precaução.
   Nate foi até o Pokémon. Ele ainda estava sentado no chão, chorando por ter sido abandonado. Quando o jovem se aproximou, ele se afastou, com medo.
   – Ei, está tudo bem. Não vamos te machucar. Vim aqui para te dar uma segunda chance. – Nate sacou uma Pokébola. – Aceita participar de uma equipe honesta? Juro que não precisará fazer mais nada ilegal.
   O Smeargle ainda o encarou por um instante. Até que, finalmente, deu um toque na cápsula do rapaz, e um feixe de luz vermelha o levou para dentro dela.
   – Bem vindo, amigão. Juro que vou te proteger daqui pra frente.
   De repente, o céu ficou nublado, e houve um relâmpago.
   – Vamos voltar para o Centro – disse Oliver.

   Todos concordaram e seguiram de volta para o Centro Pokémon.


Um comentário:

  1. Wess, o retorno.
    Esse medalhão deve ser muito especial né Isa-chan?
    E o Bugsy interrompeu a batalha bem na hora, senão, alguns pokés iam pro Centro Pokémon.
    Cada vez mais quero saber por que a Serena fica com o Kyle (apesar de ter um palpite, depois de ler o último capítulo).
    Gostei da atitude do Nate em relação ao Smeargle.
    Isa-chan, estarei esperando o próximo!

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