Todos que estavam por perto recuaram, cobrindo
seus olhos da poeira. Os Pokémons em batalha foram jogados para longe, mas por
sorte não sofreram muitos danos. Nate conseguiu segurar seu boné no ar.
Quando a cortina baixou, puderam ver quem
tinha causado toda aquela bagunça. Havia um Scyter ali, e montado nele, um
rapaz de cabelos roxos com um sorriso infantil estampado no rosto. Olhando para
seu rosto, dava a impressão de que era uma criança. Porém, lembrando de sua
forte coleção de Pokémons do tipo inseto, sua experiência e sua inteligência,
dava pra entender como ele podia ser um líder de ginásio.
– Desculpe, pessoal! Nós temos que treinar
essa parte do pouso...
O rapaz riu, sem graça. Os outros ainda
tentavam se recuperar do susto.
– B-Bugsy...?
– Nate! Como vai você, caro gafanhoto? Ainda
com essa insectofobia boba?
Falando desse
jeito, ele não parecia tão infantil assim.
– Que nada! Já
superei isso.
– Jura?! Como?
– Bem, não faz
muito tempo...
– Fala sério! –
Gritou Kyle. – Estamos no meio de uma batalha!
Bugsy olhou em
volta. Viu um Quilava se aproximando de Nate e uma Vulpix se sentando ao lado
de Kyle. Ambos os Pokémons tinham ferimentos de batalha e estavam sujos de
poeira.
– Ah...! Sinto
muito. Vou deixar vocês batalharem em paz.
Kyle cruzou os
braços, impaciente. Nate olhou para Leon, que apenas subiu em seu ombro e
grunhiu, não se incomodando com a interrupção da batalha.
– Acho que o
Leon está meio cansado... Podemos continuar outro dia? – Pediu Nate.
– O quê?! Mas que... – Antes que Kyle
pudesse terminar de falar, sua Vulpix se esfregou nele e grunhiu, como se
pedisse por um descanso. Frustrado, o rapaz a retornou para a Pokébola. – Que
seja! Mas isso não vai ficar assim! Me aguarde no ginásio, Bugsy, porque logo,
logo eu vou queimar seus insetos!
Então ele se
virou e puxou Sarah pelo braço. A garota acenou para os outros e se soltou,
ainda seguindo Kyle.
– Que estresse –
disse o líder.
Nate riu. Não
estava muito surpreso com a reação de Kyle, sua maior surpresa fora Leon. Não
só pela sua evolução de seu inicial, como também pela decisão de encerrar a
batalha. Leon era o Pokémon mais animado para batalhas em seu time. Talvez ele
tivesse aceitado o empate para restaurar as energias para a batalha de ginásio,
o que mostraria seu crescimento.
– Então, é a
nossa vez! – Empolgou-se Cris. – Tony, Oliver,vamos?
Algo apitou.
Anthony tirou o celular do bolso, checando de quem era a chamada.
– Um minuto,
sim?
O rapaz se
afastou para atender. Pouco depois, voltou para perto do grupo.
– Desculpe,
pessoal. Emergência no quartel, estão me chamando de volta para Blackthorn.
Algum de vocês ainda pode batalhar contra Oliver.
– Não, valeu –
recusou o loiro. – Eu tava animado pra fazer uma dupla com você, mano.
Tony riu de
leve.
– Outro dia, carinha.
Depois de se despedir de todos, o rapaz se
virou e caminhou em direção à saída, onde havia deixado seu jipe. Sua ausência
era um alívio para Bugsy. Se ele estava se afastando do grupo, então
provavelmente não era um dos Escolhidos. Assim, só restavam Nate, o ruivo, a
azulada, a garota de chapelão de branco, o loiro, e aqueles dois que tinham
acabado de se afastar também. Eles não pareciam ser muito próximos dos outros,
o que diminuía as chances de serem Escolhidos.
– Nate, Lyra!
Os jovens
olharam para trás. Um rapaz de cabelos brancos e com cachecol vermelho,
acompanhado de um Aipom, corria na direção do grupo.
– Wess! – Lyra
acenou. – Até que enfim você chegou!
– Você ficou bem
atrasado, hein? A última vez que a gente se viu foi... Perto de New Bark –
lembrou Nate. – Pensei que você ia nos alcançar logo.
– É que eu e o
Aipom fizemos várias paradas para treinar e capturar novos Pokémons – respondeu
o albino. – Além disso, tivemos que esperar até providenciarem uma lancha para
nos levarem para o outro lado da Union Cave... Quando foi que ela desabou?
– Como assim?! –
Gritou Cris. – Você não viu nos noticiários? Tem toda uma história por trás
desse desabamento! O mundo conhece essa história, menos você, seu lesado!
– Nossa, Cris!
Senti saudades também – debochou Wess. – Meses sem nos ver e você vem cheia de
grosseria...
A azulada riu.
– Sabe que eu te
adoro, né?
Wess também riu.
– Eu sei,
palhaça. Mas sério, o que aconteceu?
– Vamos lá pro
Centro Pokémon que eu te conto a história – disse Nate, antes de se virar para
o líder. – Até mais, Bugsy!
Bugsy acenou, e
esperou os jovens se afastarem para soltar um suspiro. Mais um candidato...
---
– Então vocês
salvaram ele – Wess apontou para Oliver – e conseguiram sair da caverna ilesos
antes dela desmoronar?
– A maior
aventura de todas – enfatizou Nate. – Não acredito que você ainda não tinha
ouvido falar!
– Acho que
passei tanto tempo treinando que me desliguei do mundo. Diga, Nate, como está a
sua equipe?
– Eu tenho só
três, mas eles são os melhores – respondeu Nate, cheio de orgulho. – Leon
acabou de evoluir para Quilava, e também tenho um Geodude chamado Gravel e um
Hoothoot chamado Ícaro!
Só então Wess
percebeu o Quilava descansando no ombro de seu dono. Cris tinha razão: ele era
bem lesado.
– Legal... Além
do Aipom, eu tenho um Weedle, um Rattata e um Ekans. E também consegui uma
coisa muito legal.
O garoto tirou
do bolso um medalhão dourado com algumas faíscas penduradas ao seu redor,
pendurado em um colar. Lyra logo o pegou para analisá-lo, admirada com a beleza
do objeto.
– Que lindo!
Onde você conseguiu isso?
– Então... Eu
não sei. – Wess riu, sem graça. – Um dia eu acordei e isso estava em cima de
mim. Eu não achei o dono, então guardei.
– Cuidado pra
não ser acusado de roubo. – Lyra devolveu o medalhão. – Não fique mostrando
isso por aí.
– Você está
preocupada comigo, Lyra?
Lyra sorriu.
– É claro, bobo.
Você é meu amigo, esqueceu?
– É... Amigo.
Claro.
Nate se sentiu
estranho com aquele curto diálogo. Não sabia direito o que era, mas não era
muito legal...
– Rapaz, posso
ver esse medalhão?
Quem disse isso
foi um homem de sobretudo e chapéu marrons, que deixavam seu rosto escondido.
Ele era acompanhado de um Smeargle.
– Pra quê? –
Indagou Wess, desconfiado.
– Eu posso fazer
um grande negócio com isso. Quando quer por ele?
Wess franziu o
cenho.
– Desculpe, não
está a venda.
– Entendo...
Então pode ao menos deixar meu Pokémon fazer um desenho dele? É bem rápido.
O garoto de
cachecol ainda não sabia se podia confiar naquele cara. Era suspeito demais...
Mas, ainda assim, deixou o Smeargle analisar o medalhão para desenhar depois.
O Pokémon
segurou o objeto delicadamente, apalpando cada detalhe dele, parecendo estar
interessado apenas em desenhá-lo mesmo. Porém, de repente ele saiu correndo com
o medalhão, seguindo seu dono.
Os jovens se
levantaram de imediato para persegui-los, com Leon e Aipom indo na frente. Duke
gritou para as pessoas pararem eles, mas eram rápidos demais.
Em algum
momento, o Smeargle caiu, grunhindo como se pedisse para seu dono voltar para
ajudá-lo. Porém, o homem voltou apenas para pegar o medalhão de sua mão, deixando
seu Pokémon para trás. Os outros continuaram a persegui-lo, mas o ladrão estava
prestes a escapar.
Então, Starx saiu
de sua Pokébola voluntariamente, seguida de Ícaro. A Ledyba agitou suas asinhas
para um voo raso. Ícaro se aproximou dela e grunhiu, a encorajando cada vez
mais, enquanto também voava até o ladrão.
– Você consegue,
Starx! – Gritou Lyra. – Você pode voar! Eu sei que pode!
Esse
empurrãozinho era tudo o que ela precisava.
A Ledyba fez um
pouco mais de força e conseguiu voar numa altitude cada vez mais alta, e um
pouco mais rápido. Sua treinadora mal acreditava que ela finalmente estava
voando, ainda que não muito bem.
Mesmo assim, o
herói do dia foi Ícaro. Ele alcançou o ladrão e rapidamente segurou o medalhão
com suas garras, pelo cordão. O Quilava e o Aipom ainda tentaram pular nele
para segurá-lo, sem sucesso; o homem saiu correndo ainda mais rápido.
– Um Rocket –
disse Duke. – Esse medalhão deve ter algum valor para eles tentarem roubar de
você, Wess... Tome cuidado. Não tire isso do bolso.
– Tá, pode
deixar – disse o albino.
– Quanto àquele
Smeargle – continuou o ruivo –, vamos levá-lo conosco e ficar de olho nele.
Alguém se apta a capturá-lo?
– Deixa comigo –
aprontou-se Nate. – Mas eu não aceito tratá-lo como um bandido. Ele foi traído
por seu próprio treinador... Não acredito que ainda vá ajudá-lo em alguma
coisa.
Duke deu de
ombros.
– Tudo bem. É só
por precaução.
Nate foi até o
Pokémon. Ele ainda estava sentado no chão, chorando por ter sido abandonado.
Quando o jovem se aproximou, ele se afastou, com medo.
– Ei, está tudo
bem. Não vamos te machucar. Vim aqui para te dar uma segunda chance. – Nate
sacou uma Pokébola. – Aceita participar de uma equipe honesta? Juro que não
precisará fazer mais nada ilegal.
O Smeargle ainda
o encarou por um instante. Até que, finalmente, deu um toque na cápsula do
rapaz, e um feixe de luz vermelha o levou para dentro dela.
– Bem vindo,
amigão. Juro que vou te proteger daqui pra frente.
De repente, o céu ficou nublado, e houve um
relâmpago.
– Vamos voltar para o Centro – disse Oliver.
Todos concordaram e seguiram de volta para o
Centro Pokémon.
Wess, o retorno.
ResponderExcluirEsse medalhão deve ser muito especial né Isa-chan?
E o Bugsy interrompeu a batalha bem na hora, senão, alguns pokés iam pro Centro Pokémon.
Cada vez mais quero saber por que a Serena fica com o Kyle (apesar de ter um palpite, depois de ler o último capítulo).
Gostei da atitude do Nate em relação ao Smeargle.
Isa-chan, estarei esperando o próximo!